Sem Tesla, marcas chinesas lideram avanço dos carros elétricos na América do Sul

A ausência da Tesla no mercado sul-americano abriu espaço para que montadoras chinesas dominem rapidamente o segmento de veículos elétricos na região. Nos últimos dois anos, marcas como BYD, GWM e Chery aceleraram investimentos, ampliaram seus catálogos e estabeleceram novas operações industriais, transformando o cenário automotivo local.

Crescimento impulsionado por preços competitivos

Um dos fatores que mais contribui para a ascensão das montadoras chinesas é a competitividade no preço final dos veículos. Enquanto modelos elétricos de marcas tradicionais continuam mais caros, as fabricantes chinesas conseguem oferecer automóveis com autonomia elevada, alta tecnologia embarcada e valores acessíveis para o consumidor sul-americano.

Além disso, incentivos fiscais em países como Brasil, Chile e Colômbia ajudaram a reduzir ainda mais o custo de importação desses modelos, facilitando a adoção da mobilidade elétrica.

Expansão acelerada da BYD e da GWM

Entre as marcas que mais avançam, a BYD é a que apresenta maior impacto regional. A empresa ampliou sua presença em praticamente todos os países da América do Sul e vem investindo em fábricas, centros de pesquisa e redes de concessionárias. Além disso, a montadora está expandindo sua linha de ônibus e caminhões elétricos, conquistando contratos públicos e privados.

A GWM (Great Wall Motors) segue trajetória semelhante. A companhia tem apostado em híbridos plug-in e SUVs elétricos, que ganharam espaço devido ao design robusto e ao pacote tecnológico competitivo. Em mercados emergentes, a combinação de autonomia, potência e preço torna os modelos da GWM particularmente atrativos.

Tesla permanece ausente – e isso muda o jogo

Enquanto a Tesla fortalece suas operações na América do Norte, Europa e Ásia, a marca de Elon Musk continua sem presença comercial ativa na maior parte da América do Sul. Além disso, a empresa não oferece rede oficial de manutenção, suporte técnico ou centros de distribuição na região.

Essa ausência criou um vácuo estratégico que permitiu às marcas chinesas ocupar rapidamente o espaço. Sem um concorrente direto de grande visibilidade internacional, BYD e GWM tornaram-se referências de tecnologia elétrica entre consumidores locais.

Infraestrutura de recarga avança junto com a demanda

Com o crescimento das vendas, os países sul-americanos têm investido na expansão da infraestrutura de recarga. Postos rápidos surgem em rodovias importantes no Brasil, Chile e Argentina, enquanto redes privadas ampliam pontos de recarga em shoppings, estacionamentos corporativos e condomínios.

Apesar disso, especialistas apontam que a região ainda enfrenta desafios relacionados à padronização dos carregadores, ao custo da energia e à velocidade de adoção em cidades menores. Mesmo assim, o ritmo é o mais acelerado já registrado.

Percepção do consumidor muda rapidamente

Antes vistos com desconfiança, os carros elétricos ganharam espaço entre motoristas sul-americanos, principalmente pela economia no custo por quilômetro rodado. Além disso, os veículos chineses oferecem sistemas de condução semiautônoma, telas maiores, conectividade avançada e atualizações remotas — recursos que chamam atenção de consumidores jovens e urbanos.

Pesquisas recentes mostram que a percepção de qualidade das marcas chinesas melhorou significativamente. Em muitos casos, motoristas que inicialmente buscavam modelos híbridos acabaram migrando para opções totalmente elétricas.

O novo mapa do mercado automotivo sul-americano

O avanço das montadoras chinesas indica uma mudança estrutural na indústria automotiva da região. Com presença crescente, investimentos bilionários e uma estratégia focada em acessibilidade tecnológica, as marcas da China se tornam protagonistas do futuro elétrico sul-americano.

Enquanto isso, a ausência de players globais como a Tesla e a lentidão de montadoras tradicionais em lançar modelos acessíveis reforçam ainda mais o domínio chinês. Assim, se o ritmo continuar, a América do Sul pode se consolidar como um dos principais polos de expansão da mobilidade elétrica fora da Ásia.

Ver mais notícias

CEO da Anthropic alerta para riscos urgentes da inteligência artificial e pede transparência ao setor

Cometa 3I/ATLAS: estudo revela como seria um impacto de um objeto interestelar na Terra

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *