A discussão sobre o uso de celulares por crianças está cada vez mais presente nas famílias e escolas. Embora muitos pensem que o contato precoce com tecnologia prepara os jovens para o futuro, novas recomendações alertam para efeitos negativos e trazem conselhos que, à primeira vista, parecem contraintuitivos: atrasar o máximo possível a entrega de um telefone celular próprio para uma criança.
A lógica por trás do conselho
Os especialistas recomendam que crianças menores de 12 anos não tenham um smartphone próprio, e que quanto mais tarde essa posse acontecer, melhor para o desenvolvimento saudável. A orientação surpreendente para quem enxerga o celular como ferramenta essencial para aprendizagem ou comunicação, mas faz sentido diante dos riscos crescentes.
O ambiente digital expõe as crianças a conteúdos inadequados, dependência emocional, perda de concentração e até riscos de interação com desconhecidos. Por outro lado, adiar a entrega do aparelho preserva a infância, reduz o tempo de tela e favorece os relacionamentos reais.
O papel dos adultos como exemplo
Um dos fatores que aceleram o uso precoce de dispositivos digitais em crianças é o comportamento dos adultos. Pais que usam o telefone acabam incentivando o mesmo padrão nos filhos, mesmo sem perceber.
Portanto, limite o uso do celular na rotina da família e adote posturas conscientes são atitudes capazes de influenciar positivamente o equilíbrio das crianças.
Supervisão e autonomia progressiva
A autonomia digital deve crescer aos poucos, com acompanhamento dos pais e responsáveis. Por exemplo, o uso de dispositivos eletrônicos, aplicativos e redes sociais entre 12 e 17 anos deve sempre ocorrer sob supervisão ou orientação.
Durante a infância, é preferível que o acesso aos celulares seja mediado, preservando espaços para brincadeiras presenciais e conversas cara a cara. As escolas também devem ser rigorosas e criteriosas ao pensar no uso desses aparelhos para fins pedagógicos, mantendo o foco em aprendizagem de qualidade.
Regulamentação e ambiente protegido
Legislações recentes, como a Lei nº 15.100/2025, determinam a restrição do uso de celulares e outros dispositivos nas escolas brasileiras, protegendo a saúde mental das aulas, reduzindo distrações e o acesso irrestrito a conteúdos sensíveis.
As empresas que desenvolvem aplicativos precisam adequar seus produtos à faixa etária, investindo em verificação de idade e recursos de segurança por design, conforme recomendação de especialistas.
O papel do conselho contraintuitivo no bem-estar infantil
Adiar o acesso ao telefone celular não apenas proteger o contato com conteúdos perigosos, mas também fortalecer as relações familiares e promover a saúde mental. Crianças que têm o uso de tela limitada desenvolvem melhor atenção, criam vínculos afetivos mais robustos e experimentam menos episódios de estresse ou ansiedade ligados à vida digital.
Portanto, apesar do conselho contrário à moda tecnológica, ele faz sentido para preservar a infância, o desenvolvimento cognitivo e o equilíbrio emocional das crianças.