O renascimento do deserto de Kubuqi
Em meio ao árido deserto de Kubuqi, na Mongólia Interior, surge um mar de painéis solares azuis que cobre a areia como ondas no mar. Antes uma região completamente deserta, o local foi transformado em um dos maiores complexos de energia solar do mundo. Chang Yongfei, nativo da região, recorda que antes não havia nada, apenas um terreno seco e estéril. Contudo, hoje o cenário mudou radicalmente graças à energia fotovoltaica.
A importância para a matriz energética da China
Esse enorme projeto percorre centenas de quilômetros próximos a Pequim e representa a acelerada transição energética da China, o maior emissor mundial de gases do efeito estufa. O presidente Xi Jinping comprometeu-se a reduzir as emissões globais do país entre 7% e 10% até 2035, em comparação ao ano de 2025. Assim, a instalação de campos solares nesse tipo de terreno tornou-se uma prioridade para garantir energia limpa em larga escala.
Dados impressionantes e expansão confirmada pela NASA
De acordo com imagens de satélite analisadas pela NASA, o parque de painéis solares cresce a cada ano. Atualmente, cobre mais de 100 km², o equivalente à área de cidades como Lisboa ou Paris. Além disso, a sua capacidade instalada está prevista para triplicar até 2030, superando a geração elétrica total da França. Consequentemente, o projeto contribui significativamente para frear o avanço da poluição e do aquecimento global.
Desafios ambientais e tecnológicos
Porém, essa grande obra ambiental não está isenta de desafios. As tempestades de areia que atingem a região podem danificar os painéis, enquanto o acúmulo de areia exige uma grande quantidade de água para limpeza. Além disso, as altas temperaturas afetam a eficiência dos dispositivos. Para contornar isso, os painéis instalados contam com ventiladores que realizam limpeza automática e tecnologia de dupla face capaz de captar mais luz solar, mesmo a refletida pela areia.
Turismo e economia locais em transformação
O parque solar também se tornou uma atração turística. Muitos visitantes aproveitam para explorar a área em passeios de camelo e quadriciclo, o que gerou nova fonte de renda para moradores locais como Chang Yongfei, que trocou a mineração de carvão pela atividade turística. No entanto, a expansão energética levanta preocupações sobre o impacto ambiental e no turismo, gerando debates sobre a melhor forma de equilibrar desenvolvimento e preservação.
Conclusão: energia limpa com desafios a superar
Apesar dos obstáculos, o parque solar da Mongólia Interior é um exemplo emblemático do empenho chinês em investir em energias renováveis. Embora o megaprojeto possa alterar padrões climáticos locais, seus benefícios para a redução das emissões e na diversificação energética são inegáveis. Assim, o caminho passa pelo desenvolvimento sustentável e pelo uso inteligente da tecnologia para enfrentar desafios futuros.