A Ambipar, multinacional brasileira de serviços ambientais, vive uma crise financeira sem precedentes. Em poucos dias, a empresa perdeu liquidez e passou a correr o risco de não cumprir seus compromissos.
O gatilho da crise: contrato de swap cambial
Fontes internas apontam que o estopim foi um aditivo de R$ 3 bilhões em um contrato de swap cambial com o Deutsche Bank. O acordo foi assinado em 18 de setembro de 2025 pelo então diretor financeiro, João Daniel Arruda. O problema é que o contrato vinculava as garantias ao desempenho dos próprios títulos de dívida da Ambipar. Isso aumentou o risco financeiro e resultou em chamadas de margem milionárias que drenaram o caixa em apenas 48 horas.
Impacto imediato no caixa e no mercado
Como consequência, a empresa precisou injetar cerca de R$ 60 milhões de imediato. Poucos dias depois, outros R$ 200 milhões foram exigidos em compromissos adicionais. O movimento alarmou credores, como o Santander, que passaram a cobrar pagamentos antecipados e a acionar cláusulas restritivas.
Governança e transparência em xeque
Até junho, a Ambipar afirmava ter quase R$ 5 bilhões em caixa. No entanto, não conseguiu converter esse valor em liquidez para honrar as dívidas. O uso de instrumentos financeiros complexos e a existência de mais de 300 subsidiárias dificultaram a transparência contábil. A saída de executivos-chave, incluindo o CFO João Arruda, intensificou a perda de confiança do mercado.
Ações na Justiça e incertezas
Para ganhar tempo, a empresa conseguiu uma liminar que suspende execuções e vencimentos antecipados por 30 dias, com possibilidade de prorrogação. Apesar disso, aumentaram os rumores sobre uma recuperação judicial, cenário que traria riscos adicionais para credores e acionistas.
Crescimento acelerado como agravante
Outro fator importante é a estratégia de expansão agressiva da Ambipar. Nos últimos anos, a companhia realizou dezenas de aquisições no Brasil e no exterior. Esse modelo aumentou o endividamento e a dependência de operações financeiras sofisticadas, deixando a empresa mais vulnerável a choques de mercado.
Conclusão
A crise da Ambipar mostra os limites de um crescimento acelerado sem controles sólidos de governança e transparência. O futuro da companhia dependerá das negociações com credores, de reformas internas e da capacidade de recuperar a confiança do mercado. Enquanto isso, investidores e acionistas precisam agir com cautela diante do cenário incerto.