O empate em 2 a 2 com o São Paulo, no Morumbi, foi um duro golpe para o Flamengo na corrida pelo título do Campeonato Brasileiro. O Rubro-Negro chegou a virar o placar e parecia no controle da partida, mas a expulsão de Plata, aos 21 minutos do segundo tempo, mudou completamente o rumo do jogo. O erro custou caro e pode ter deixado escapar a liderança, permitindo que o Palmeiras abra vantagem na tabela.
Um início elétrico no Morumbi
Logo nos primeiros minutos, o confronto mostrou que seria intenso. O São Paulo abriu o placar aos três minutos, após falha coletiva da defesa rubro-negra. Luciano aproveitou o vacilo de Arrascaeta, Alex Sandro e Pulgar e mandou para o fundo das redes de Rossi. No lance seguinte, o próprio Arrascaeta empatou de pênalti, após ser derrubado por Pablo Maia.
Com dois gols em menos de cinco minutos, o jogo pegou fogo. O Flamengo tentou assumir o controle da posse de bola, chegando a 60% no fim do primeiro tempo, mas teve dificuldade em transformar o domínio em oportunidades claras. Plata, em boa fase, quase marcou ao deixar Carrascal em boa posição, e Samuel Lino teve um gol anulado por impedimento. O primeiro tempo terminou equilibrado, com o São Paulo aproveitando os espaços e o Flamengo mostrando certa ansiedade na saída de bola.
A virada e o erro que mudou tudo
Na volta do intervalo, o Flamengo voltou mais agressivo. Carrascal e Arrascaeta criaram boas jogadas, e o time ensaiava uma pressão organizada. O gol da virada veio aos 18 minutos, com Samuel Lino aproveitando cruzamento de Royal após linda jogada de Arrascaeta, que insistiu até o fim para evitar a saída da bola. O 2 a 1 parecia premiar a superioridade técnica do Rubro-Negro.
No entanto, três minutos depois, veio o momento que alterou todo o cenário. Plata, em uma dividida com Arboleda, chegou atrasado e acabou atingindo o tornozelo do zagueiro são-paulino. O árbitro aplicou o cartão vermelho direto, e o time carioca viu ruir o equilíbrio tático conquistado até então.
A partir daí, o Flamengo perdeu o controle emocional. Filipe Luís precisou improvisar, formando uma linha com três zagueiros — Danilo, Léo Pereira e Alex Sandro — para compensar a inferioridade numérica. A estratégia defensiva até segurou o resultado por alguns minutos, mas o desgaste e a pressão tricolor falaram mais alto. Aos 33, Ferreirinha empatou após rápida troca de passes.
O peso da expulsão e o impacto psicológico
A expulsão de Plata simboliza como pequenos erros podem custar caro na disputa por um título. O Flamengo tinha o jogo nas mãos e poderia, com a vitória, ultrapassar o Palmeiras na tabela. Com o empate, ambos ficaram com 65 pontos, mas o time paulista tem um jogo a menos e pode abrir três pontos de vantagem. Em um campeonato decidido no detalhe, perder dois pontos dessa forma é frustrante.
A tabela a seguir mostra como ficaria a classificação com e sem a vitória do Flamengo:
| Situação | Flamengo | Palmeiras | Diferença |
|---|---|---|---|
| Com vitória | 67 pts | 65 pts | +2 pts Flamengo |
| Com empate | 65 pts | 65 pts* | 0 (Palmeiras com 1 jogo a menos) |
*Palmeiras ainda jogará contra o Santos.
Além da pontuação, há um fator emocional. O Flamengo vinha embalado por uma sequência positiva e chegava ao jogo como um dos favoritos ao título. A expulsão de Plata e a perda da liderança no momento decisivo do campeonato podem afetar a confiança do grupo, principalmente às vésperas da final da Libertadores, marcada para o fim do mês.
A pressão por resultados simultâneos — Brasileiro e Libertadores — exige equilíbrio mental, e essa oscilação no psicológico pode pesar. O time precisa aprender rapidamente com o erro para não repetir falhas em jogos decisivos.
Filipe Luís busca o equilíbrio entre risco e controle
O técnico Filipe Luís demonstrou lucidez na coletiva pós-jogo. Ele reconheceu que, até a expulsão, o São Paulo praticamente não criava chances. Após o cartão vermelho, a necessidade de ajustar o posicionamento e proteger a defesa forçou o Flamengo a recuar demais.
Ao adotar uma linha de três zagueiros, Filipe tentou reforçar o setor defensivo, mas acabou sacrificando a transição ofensiva. A equipe perdeu profundidade, e a bola parou de chegar com qualidade em Lino e Luiz Araújo. A substituição de Arrascaeta, pouco depois da expulsão, também tirou do time o seu principal articulador.
Ainda assim, o técnico mostrou que o elenco está adaptado a variações táticas e que a coesão coletiva permanece um ponto forte. A falta de controle emocional, porém, precisa ser corrigida, especialmente em jogos de alta pressão.
Estatísticas que explicam o resultado
Os números ajudam a entender o que aconteceu no Morumbi.
| Indicador | São Paulo | Flamengo |
|---|---|---|
| Posse de bola | 48% | 52% |
| Finalizações certas | 5 | 7 |
| Passes certos | 410 | 465 |
| Faltas cometidas | 12 | 10 |
| Cartões vermelhos | 0 | 1 (Plata) |
Mesmo com mais posse e volume, o Flamengo produziu menos depois da expulsão, finalizando apenas uma vez no alvo nos 20 minutos finais. O São Paulo, por outro lado, aproveitou a superioridade numérica e controlou o jogo até o apito final.
O que vem pela frente
O Flamengo agora precisa reagir rapidamente. Os próximos compromissos — contra Santos, Sport, Fluminense, Bragantino e Atlético-MG — definirão se o time chegará vivo à reta final do Brasileirão. Para conquistar o título, o Rubro-Negro precisa somar pelo menos quatro vitórias nas últimas rodadas e torcer por um tropeço do Palmeiras.
Além dos aspectos técnicos, o grupo precisa mostrar força mental. Jogadores como Arrascaeta, Lino e Rossi têm experiência suficiente para conduzir o time em momentos de pressão. O episódio de Plata deve servir de lição: cada lance, cada decisão e cada minuto contam quando o título está em jogo.
O empate com o São Paulo foi um alerta de que o caminho ao topo exige mais do que talento. É preciso disciplina, controle emocional e atenção aos detalhes. Se o Flamengo aprender com o tropeço, ainda há tempo para virar o jogo — dentro e fora de campo.
