Extrativismo na Amazônia do AC cresce 1,8% em 2024: R$ 115,8 milhões em madeira em tora
Em 2024, a região da Amazônia do Acre enfrenta um novo alerta ambiental: o extrativismo florestal aumentou 1,8% em relação ao ano anterior. O valor total de madeira em tora comercializada atingiu R$ 115,8 milhões — um número que, embora pareça positivo para a economia local, revela um cenário de crescente pressão sobre os ecossistemas. Esse aumento não é apenas um dado estatístico. É um sinal de alerta sobre a viabilidade de um modelo econômico que prioriza a exploração sobre a preservação.
O que é o extrativismo florestal e por que é problemático?
O extrativismo refere-se à extração de recursos naturais, como madeira, sem a necessidade de desmatamento total. No entanto, na prática, muitas atividades de extração na Amazônia do Acre envolvem a remoção seletiva de árvores, o que acelera a degradação do solo e da biodiversidade.
Impactos diretos na floresta
A madeira em tora, embora seja um produto com valor comercial, é frequentemente extraída de áreas de floresta nativa. Essa prática desestabiliza os ecossistemas, reduz a capacidade de regulação climática e afeta a fauna local. A cada tonelada de madeira retirada, há perda de habitat para espécies como o tucano, o gavião-azul e o dourado.
Além disso, a fragmentação da vegetação dificulta o movimento de animais e compromete o ciclo de nutrientes no solo. O extrativismo, quando mal regulado, se torna uma forma de desmatamento silencioso — invisível aos olhos, mas devastador para o equilíbrio ambiental.
Como o Acre está lidando com a crise?
O governo do Acre tem anunciado medidas de fiscalização e controle. No entanto, a eficácia dessas ações é questionável. Ainda há grande dependência de cooperativas rurais e pequenos produtores que, por falta de alternativas, se voltam para o extrativismo como fonte de renda.
Falta de políticas sustentáveis
As políticas atuais não incentivam a produção de madeira em tora de forma sustentável. A ausência de certificações ambientais e de rotas de produção responsável torna o setor vulnerável a práticas degradantes. O modelo atual é baseado em lucro imediato, não em longo prazo.
Isso gera um ciclo vicioso: a exploração aumenta, o desmatamento cresce, e a população local perde acesso a recursos naturais essenciais para a vida cotidiana.
Alternativas sustentáveis para o desenvolvimento regional
É possível transformar o extrativismo em uma ferramenta de desenvolvimento sustentável. A chave está em investir em tecnologias de extração seletiva, em áreas de conservação e em programas de educação ambiental.
Exemplos de sucesso em outras regiões
Na Amazônia do Pará, por exemplo, projetos de madeira em tora com certificação FSC já demonstraram que é possível gerar renda sem destruir a floresta. Esses modelos incluem treinamento de trabalhadores, uso de técnicas de corte sustentável e monitoramento ambiental contínuo.
Na região do Acre, o mesmo caminho pode ser seguido. O investimento em pequenas cooperativas com acesso a mercados locais e nacionais pode reduzir a dependência de exportações de madeira em tora para áreas urbanas.