O aguardado remake de “Frankenstein”, dirigido por Guillermo del Toro, finalmente chegou aos cinemas e agora também ao catálogo da Netflix, marcando uma das estreias mais comentadas de 2025. A adaptação do clássico de Mary Shelley é descrita como uma releitura visualmente deslumbrante, fiel ao espírito original, mas atualizada com a sensibilidade única do diretor mexicano.
O filme foi lançado nos cinemas brasileiros em 23 de outubro de 2025 e, a partir de 7 de novembro, está disponível globalmente na Netflix, consolidando o projeto como um dos maiores eventos cinematográficos do ano.
Um projeto de paixão e dedicação
Para Guillermo del Toro, vencedor do Oscar por A Forma da Água e Pinóquio, “Frankenstein” representa um sonho de mais de duas décadas. Desde o início de sua carreira, o cineasta manifestava o desejo de adaptar a história de Victor Frankenstein e sua Criatura, explorando o conflito entre ciência, criação e humanidade.
Com a produção realizada pela Netflix, o diretor teve liberdade criativa total para desenvolver uma visão pessoal e sombria, equilibrando terror, filosofia e emoção. O resultado é um filme que transcende o gênero e se aproxima de uma tragédia sobre amor e responsabilidade.
Elenco de peso e performances marcantes
O elenco escolhido é um dos grandes atrativos da produção. O papel de Victor Frankenstein ficou com Oscar Isaac, conhecido por sua versatilidade e intensidade dramática. Ele entrega uma performance profunda e atormentada, mostrando um cientista dividido entre ambição e culpa.
A Criatura, interpretada por Jacob Elordi — que substituiu Andrew Garfield durante a produção — é retratada de maneira humana e trágica, fugindo dos estereótipos clássicos do monstro sem alma. Segundo os críticos, Elordi oferece uma das atuações mais sensíveis de sua carreira, equilibrando força física e fragilidade emocional.
O elenco ainda conta com Mia Goth, Christoph Waltz, Felix Kammerer, Charles Dance e David Bradley, todos em papéis que reforçam a atmosfera sombria e melancólica da trama.
Uma estética gótica inconfundível
Del Toro é conhecido por seu estilo visual único, que mistura beleza e grotesco de forma poética. Em Frankenstein, essa estética atinge um novo patamar. A fotografia usa tons frios e contrastes acentuados para evocar o clima da Europa do século XIX, com cenários repletos de detalhes expressionistas e luz simbólica.
Os figurinos e a direção de arte são um espetáculo à parte, trazendo elementos do romantismo gótico, como laboratórios com vidrarias, castelos abandonados e paisagens cobertas por névoa. Tudo isso contribui para criar um ambiente que é, ao mesmo tempo, melancólico e fascinante.
Fidelidade ao livro de Mary Shelley
Ao contrário de muitas adaptações anteriores, del Toro buscou resgatar o tom filosófico e existencial do romance de 1818. A história original de Mary Shelley sempre foi muito mais do que um conto de terror: é uma reflexão sobre ética, ciência e solidão.
O filme explora com profundidade temas como:
- A responsabilidade do criador sobre sua criação;
- O medo do desconhecido e da rejeição social;
- A busca humana por amor e aceitação;
- O limite moral da ciência.
Ao desenvolver esses aspectos, o diretor transforma a narrativa em uma fábula moral contemporânea, que dialoga com questões éticas da inteligência artificial e das biotecnologias modernas.
Crítica e recepção internacional
Desde sua estreia, o novo Frankenstein recebeu elogios entusiasmados da crítica internacional. Muitos especialistas o classificam como uma “obra-prima gótica”, destacando sua fotografia impecável, roteiro profundo e atuações inspiradas.
O filme acumula 77% de aprovação no Rotten Tomatoes, índice considerado alto para obras do gênero, e é apontado como um forte candidato ao Oscar de 2026 em categorias como melhor direção de arte, fotografia e atuação masculina.
Críticos ressaltam que o longa resgata o horror clássico sem recorrer a clichês, preferindo o terror emocional e psicológico. O medo surge não apenas do visual da criatura, mas da consciência de sua existência e do dilema ético que ela representa.
Pontos de crítica e debate
Apesar dos elogios, algumas análises observam que del Toro adota um tom moral mais direto do que o do livro original, o que pode simplificar certas ambiguidades. Outros apontam que o ritmo é mais contemplativo, o que pode parecer lento para espectadores acostumados a narrativas mais dinâmicas.
Ainda assim, essa escolha estilística é vista por muitos como deliberada e coerente com a proposta do diretor, que prioriza a imersão atmosférica e a intensidade emocional em detrimento da ação.
O simbolismo e a relevância contemporânea
Em uma era marcada pelo avanço da inteligência artificial e da biotecnologia, o novo Frankenstein ganha relevância renovada. O filme propõe uma reflexão sobre até onde o ser humano pode ir ao desafiar as leis da natureza.
Del Toro enfatiza que o verdadeiro horror não está na Criatura, mas no abandono, na arrogância e na incapacidade de amar. Assim, o longa se transforma em uma metáfora sobre paternidade e responsabilidade ética, mostrando que o “monstro” pode, na verdade, ser o próprio criador.
Produção meticulosa e bastidores curiosos
Durante a produção, o diretor manteve controle total sobre cada detalhe visual e narrativo. As filmagens ocorreram majoritariamente em cenários construídos na Inglaterra e na Hungria, combinando locações reais e efeitos práticos.
Del Toro evitou o uso excessivo de CGI, preferindo efeitos físicos e maquiagem artesanal, o que confere ao filme uma textura realista e artesanal rara no cinema moderno. Jacob Elordi passou horas diárias em preparação e caracterização, com próteses detalhadas que ajudaram a expressar a dualidade de sua personagem.
Expectativas e impacto cultural
O lançamento do filme pela Netflix amplia seu alcance global, permitindo que públicos de diferentes países tenham acesso imediato a uma das obras mais aguardadas da década. Além disso, o sucesso do longa pode reavivar o interesse pelo romance original de Mary Shelley, reafirmando sua relevância literária e filosófica.
Especialistas acreditam que a obra de del Toro inspirará novos cineastas e roteiristas a explorar o horror com profundidade emocional, transformando Frankenstein em um novo marco da cultura pop contemporânea.
Fechamento
O Frankenstein de Guillermo del Toro é muito mais do que uma simples adaptação — é uma reinterpretação poética e visualmente arrebatadora de um dos maiores mitos da literatura. Com atuações intensas, estética impecável e reflexões atuais sobre a natureza humana, o filme reafirma o talento do diretor em transformar o horror em arte.
Ao unir o clássico ao moderno, del Toro não apenas ressuscita o monstro, mas também revigora o cinema gótico, provando que algumas histórias jamais morrem — apenas renascem sob nova luz.
