Déficit do Brasil com os EUA aumenta em outubro
O Brasil registrou déficit em suas transações comerciais com os Estados Unidos pelo décimo mês consecutivo, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. O resultado negativo reflete a queda das exportações brasileiras e o aumento das importações de produtos americanos.
Em outubro, as vendas brasileiras aos EUA somaram 2,21 bilhões de dólares, uma redução de 38% em relação ao mesmo mês de 2024. Por outro lado, as importações a partir dos Estados Unidos cresceram 9,6%, atingindo 3,97 bilhões de dólares. Com isso, o déficit brasileiro ficou em 1,76 bilhão de dólares.
Impacto do tarifaço norte-americano
A piora do saldo comercial coincide com o pacote de sobretaxas implementado pelo presidente Donald Trump. A tarifa de 50% atingiu cerca de 36% das exportações brasileiras aos EUA, principalmente produtos agrícolas e manufaturados.
O último mês em que o Brasil teve superávit com os Estados Unidos foi dezembro do ano passado, com saldo positivo de 468 milhões de dólares. Entre janeiro e outubro de 2025, o déficit acumulado com os EUA ultrapassa 7 bilhões de dólares, um crescimento de mais de 400% em comparação ao mesmo período de 2024.
Balança comercial global mantém superávit
Apesar do déficit com os EUA, o comércio brasileiro com outros parceiros apresentou resultados positivos. As exportações para a China cresceram 33,4%, para a Europa 7,6% e para o Mercosul 14,3%.
Assim, o saldo comercial do país em outubro ficou positivo em 6,96 bilhões de dólares, 70% maior que o registrado no mesmo mês de 2024. Este é o melhor resultado de outubro desde 2023, quando o superávit foi de 9,18 bilhões de dólares.
As exportações totais somaram 31,97 bilhões de dólares, com alta de 9,1% na média diária. As importações atingiram 25 bilhões de dólares, registrando queda de 0,8% na média por dia útil. No acumulado de janeiro a outubro, o saldo comercial global ficou positivo em 52,4 bilhões de dólares, uma redução de 16,6% em relação ao mesmo período de 2024.
Medidas do governo brasileiro
Para minimizar os efeitos do tarifaço, o governo brasileiro anunciou uma linha de crédito de 30 bilhões de reais para empresas afetadas. O acesso a essa linha depende da manutenção dos empregos.
Além disso, os presidentes Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva se reuniram recentemente para discutir alternativas de negociação. Apesar do encontro, as tarifas dos EUA permanecem em vigor.
Perspectivas para o comércio brasileiro
Especialistas destacam que, apesar do déficit com os Estados Unidos, o aumento das exportações para outros mercados demonstra a capacidade de diversificação do comércio brasileiro.
O país continua resiliente, e ajustes nas negociações e incentivos internos podem reduzir os impactos do tarifaço, garantindo saldo positivo na balança comercial global.
