O primeiro dia da Cúpula dos Líderes da COP30, realizada em Belém (PA), foi marcado pelo anúncio de grandes investimentos no Fundo Florestas Tropicais Pra Sempre (TFFF) — a principal iniciativa do governo brasileiro nesta conferência.
A proposta, liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, busca financiar a preservação das florestas tropicais, unindo governos e investidores privados em um modelo sustentável de retorno econômico e ambiental.
Fundo Florestas Tropicais Pra Sempre: a nova aposta do Brasil
O TFFF (Tropical Forests Forever Fund) tem como objetivo captar investimentos públicos e privados a juros reduzidos e aplicá-los em projetos sustentáveis de alto retorno.
Os lucros gerados serão divididos entre os investidores e os países que mantiverem suas florestas preservadas, criando um modelo econômico que recompensa a conservação ambiental.
Durante o anúncio, o presidente Lula afirmou:
“Os serviços ecossistêmicos que prestam para a humanidade precisam ser remunerados, assim como as pessoas que protegem as florestas.”
Até o momento, Brasil e Indonésia já confirmaram US$ 1 bilhão cada em aporte inicial.
A Noruega anunciou uma contribuição de US$ 3 bilhões, a França destinou 500 milhões de euros e Portugal prometeu 1 milhão de euros.
O objetivo é atingir US$ 25 bilhões em recursos públicos e privados para o fundo.
Belém, o coração da Amazônia, recebe o mundo
Localizada no centro da Floresta Amazônica, Belém se tornou o epicentro das discussões globais sobre o clima.
A cidade abriga dois espaços principais do evento:
- A Zona Azul, controlada pela ONU, onde líderes e delegações oficiais debatem acordos e políticas.
- A Zona Verde, aberta à sociedade civil, comunidades indígenas e ONGs, promovendo debates e manifestações culturais.
O clima amazônico também marcou presença: calor intenso durante o dia e chuva leve no fim da tarde, criando o cenário simbólico de uma cidade que respira o tema central da conferência — a convivência entre natureza e desenvolvimento.
Chamados à ação: de Lula ao Príncipe William
Na abertura da Cúpula, o secretário-geral da ONU, António Guterres, foi direto:
“Chega de discussão, é hora de agir. Falhamos moralmente ao não limitar o aquecimento global a 1,5°C.”
O presidente Lula reforçou que ainda é possível frear o aquecimento global com planejamento e justiça climática:
“A justiça climática é aliada do combate à fome e à pobreza, da igualdade de gênero e da promoção de uma governança global mais representativa e inclusiva.”
Sem citar diretamente o ex-presidente americano Donald Trump, Lula criticou o negacionismo climático e a manipulação política de desinformações.
O presidente chileno, Gabriel Boric, foi mais incisivo ao afirmar:
“Trump disse que a crise climática não existe. Isso é mentira.”
Já o presidente colombiano, Gustavo Petro, alertou que o negacionismo “leva a humanidade ao abismo”.
Encerrando os discursos, o Príncipe William destacou a urgência da ação:
“Sejamos a geração que inverte a maré, não por aplausos, mas pela gratidão daqueles que ainda não nasceram.”
O desafio global: agir além dos discursos
Embora o clima de otimismo tenha marcado a Cúpula, os líderes reconhecem que o tempo está se esgotando.
Um relatório da ONU, divulgado no mesmo dia, revelou que a temperatura média global entre janeiro e agosto de 2024 já foi 1,42°C acima dos níveis pré-industriais — quase ultrapassando o limite estabelecido no Acordo de Paris (2015).
O presidente Lula reforçou que o combate ao desmatamento e à desigualdade social precisam andar juntos, e que a Amazônia pode ser exemplo de economia verde e inclusão.
O sucesso do TFFF dependerá agora da adesão efetiva dos países interessados e da transparência na aplicação dos recursos.
Protestos e arte como forma de mensagem
Do lado de fora da COP, grupos indígenas e ativistas ambientais promoveram manifestações simbólicas.
Um artista local expôs bonecos representando líderes mundiais deitados em redes, criticando a lentidão das ações climáticas.
A mensagem foi clara: é hora de menos discurso e mais compromisso.
Conclusão: um novo capítulo para a Amazônia e o planeta
A COP30 marca um momento histórico para o Brasil, que tenta se firmar como líder global da sustentabilidade.
Com o lançamento do Fundo Florestas Tropicais Pra Sempre, o governo brasileiro apresenta uma alternativa concreta para unir economia e conservação — uma tentativa de transformar a preservação ambiental em oportunidade de desenvolvimento.
Se as promessas se tornarem ações, Belém poderá ser lembrada como o ponto de virada na luta contra o colapso climático global.
