Lula critica negacionismo na Cúpula do Clima e cobra ações urgentes antes da COP30

Discurso na abertura da Cúpula do Clima

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu nesta quinta-feira (6) a sessão plenária da Cúpula do Clima, em Belém (PA). O evento reúne mais de 40 líderes mundiais e serve como preparação para a COP30, que será realizada em 2026 na capital paraense.

Lula afirmou que “interesses egoístas e imediatos preponderam sobre o bem comum” quando o tema é a preservação ambiental. Segundo o presidente, o mundo precisa colocar o combate às mudanças climáticas no centro das decisões políticas e econômicas.

Críticas ao negacionismo e à desigualdade

Em seu discurso, Lula destacou que a crise climática não é compreendida apenas por números ou relatórios técnicos, mas pelos efeitos diretos sobre as pessoas. “Podem não entender o que são emissões de carbono, mas sentem a poluição e sofrem com secas, enchentes e furacões”, disse.

O presidente também criticou o avanço do negacionismo climático e o uso político da desinformação. “Forças extremistas fabricam inverdades para obter ganhos eleitorais e aprisionar as gerações futuras em modelos ultrapassados”, afirmou.

Lula reforçou que rivalidades e conflitos armados desviam recursos que deveriam ser usados em ações ambientais. Ele defendeu que a justiça climática deve andar junto com o combate à fome e à pobreza.

Importância da Amazônia e do evento em Belém

O presidente ressaltou o simbolismo de sediar uma conferência da ONU no coração da Amazônia. Segundo ele, “no imaginário global, não há símbolo maior da causa ambiental do que a floresta amazônica”.

A COP30 será a primeira conferência climática da história realizada na Amazônia, o que, segundo Lula, reforça o compromisso do Brasil com a preservação e a sustentabilidade. Ele destacou que a floresta abriga milhares de espécies e representa uma das maiores riquezas naturais do planeta.

Chamado para agir com base na ciência

Lula afirmou que chegou o momento de “levar a sério os alertas da ciência” sobre o aquecimento global. O presidente lembrou que as projeções indicam perdas econômicas e milhares de mortes caso o ritmo atual de emissões continue.

Ele também reconheceu a necessidade de superar a dependência dos combustíveis fósseis e elaborar um mapa do caminho global para reverter o desmatamento. “A humanidade sabe do impacto climático há 35 anos, mas foram necessárias quase três décadas de conferências para admitir que é preciso mudar o modelo energético”, destacou.

Reuniões bilaterais e acordos internacionais

Durante o evento, Lula participou de encontros bilaterais com líderes mundiais. Pela manhã, reuniu-se com o príncipe William e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, para discutir cooperação climática e investimentos verdes. À tarde, encontrou-se com o presidente francês Emmanuel Macron, com foco em projetos de preservação florestal e financiamento do Fundo Amazônia.

Essas reuniões reforçam a estratégia brasileira de atrair parcerias internacionais e ampliar o protagonismo do país nas negociações ambientais.

Plano global de financiamento climático

Na véspera da Cúpula, as presidências da COP29 (Azerbaijão) e da COP30 (Brasil) apresentaram o Roteiro de Baku a Belém, plano que prevê mobilizar US$ 1,3 trilhão por ano até 2035 para financiar ações contra a crise climática.

A proposta inclui novas formas de arrecadação, como taxas sobre aviação, bens de luxo e grandes fortunas, além de reformas no sistema financeiro global para aliviar dívidas e liberar crédito aos países mais pobres.

Embora o texto não tenha força de tratado, ele servirá como guia político e técnico para transformar promessas em investimentos reais.

Expectativas para a COP30

A Cúpula do Clima de Belém serviu como ensaio diplomático para os debates que ocorrerão na COP30. O Brasil busca fortalecer seu papel de liderança ambiental, equilibrando desenvolvimento econômico e sustentabilidade.

Lula encerrou sua fala defendendo a união global diante da urgência climática. “Será impossível conter o aquecimento global sem superar as desigualdades entre as nações”, concluiu.

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