Hackers invadem rádios nos EUA e transmitem mensagens obscenas; FCC emite alerta nacional

A paisagem sonora dos Estados Unidos ganhou tons inesperados nos últimos dias. Em vez de músicas, notícias e chamadas de emergência legítimas, ouvintes de diferentes regiões se depararam com mensagens obscenas, sinais falsos de alerta e discursos de ódio. Segundo a Comissão Federal de Comunicações (FCC), o país enfrenta uma onda coordenada de ataques cibernéticos contra equipamentos de transmissão de rádio. O cenário acendeu um alerta vermelho em todo o setor, pois revela falhas críticas em dispositivos de radiodifusão ainda utilizados em centenas de emissoras.


O ataque: hackers desviam o áudio das emissoras

De acordo com o comunicado oficial divulgado na quarta-feira (26), grupos de hackers teriam explorado equipamentos vulneráveis para inserir fluxos de áudio próprios no lugar da programação original. Eles ativaram o Sinal de Atenção do Sistema de Alerta de Emergência (EAS) — um som que costuma preceder comunicados oficiais sobre furacões, terremotos ou ameaças graves. Depois disso, transmitiram conteúdos obscenos e falsos alertas de emergência.

As investigações iniciais apontam que os invasores comprometeram aparelhos da empresa suíça Barix, conhecidos por integrar redes de áudio a sistemas de radiodifusão. Equipamentos configurados sem senha ou com autenticação fraca se tornaram porta de entrada ideal para o sequestro das transmissões.

A FCC descreveu o ataque de forma direta: as emissoras afetadas acabaram transmitindo “um fluxo de áudio inserido pelo invasor que inclui um sinal de atenção real ou simulado, tons falsos do EAS, além de linguagem imprópria”.


Casos se espalham pelo Texas e Virgínia

Embora o comunicado oficial não traga números totais, reportagens recentes citadas pela FCC revelam ocorrências em rádios do Texas e da Virgínia. Nessas regiões, os hackers veicularam discursos preconceituosos e mensagens ofensivas. Como resultado, emissoras precisaram interromper suas operações temporariamente para restaurar o sistema original e eliminar a interferência.

A FCC reforçou que esses episódios não são isolados. Pelo contrário, integram uma “série recente de intrusões cibernéticas”, o que indica um esforço coordenado para explorar brechas na infraestrutura de radiodifusão.


A resposta da FCC: reforço urgente de segurança

Diante do problema, o órgão regulador emitiu uma lista de recomendações imediatas para rádios de todo o país. Entre elas estão:

  • troca urgente de senhas, principalmente as que permanecem com configurações padrão;
  • atualizações regulares dos sistemas, a fim de corrigir falhas conhecidas;
  • auditorias de segurança para identificar equipamentos vulneráveis ligados à rede;
  • verificação constante de acessos remotos.

Embora a FCC ressalte que a responsabilidade técnica é das próprias emissoras, o órgão deixou claro que falhas de segurança em dispositivos desse tipo podem comprometer a credibilidade de sistemas de alerta que servem para proteger a população.


A reação da Barix e o histórico da empresa

Procurada pela Reuters, a Barix não comentou o novo caso. Contudo, o episódio remete a um ataque semelhante ocorrido em 2016, quando a empresa declarou publicamente que seus dispositivos eram seguros “desde que configurados corretamente e protegidos com senhas fortes”.

O novo vazamento de áudio, entretanto, mostra que parte das emissoras continua operando com configurações frágeis, muitas vezes por descuido ou falta de rotinas de manutenção. Como resultado, ataques simples — e com baixa sofisticação técnica — seguem bem-sucedidos.


Outro ataque recente: hackers chineses e uso indevido do Claude

O alerta sobre vulnerabilidades não se limita às emissoras de rádio. No início deste mês, a desenvolvedora de IA Anthropic revelou que hackers ligados ao governo chinês usaram o Claude, seu modelo de IA generativa, para automatizar ataques cibernéticos contra corporações e entidades governamentais.

Segundo Jacob Klein, chefe de inteligência da empresa:

  • os invasores conseguiram executar ataques com “apenas um clique”;
  • quatro invasões foram bem-sucedidas antes da interrupção do ataque;
  • cerca de 30 alvos estavam na lista dos hackers;
  • o governo dos EUA não foi vítima, embora não se saiba se estava entre as tentativas frustradas.

Esse caso aumentou ainda mais a pressão sobre empresas de IA e de tecnologia, porque, mesmo com mecanismos de segurança, ferramentas avançadas podem ser exploradas por agentes mal-intencionados.


Um alerta maior para o setor de comunicação

Os ataques às rádios revelam mais do que falhas pontuais: mostram que a infraestrutura de alerta e transmissão dos EUA está exposta. Como boa parte das emissoras depende de equipamentos conectados à internet, qualquer dispositivo mal protegido pode se transformar em ponto de entrada para invasores.

Além disso, como o Sistema de Alerta de Emergência é usado para avisos de desastre natural, qualquer interferência pode gerar pânico, confusão ou perda de confiança por parte da população.

Enquanto isso, especialistas defendem que transmissoras modernizem seus sistemas e adotem práticas de segurança compatíveis com o atual cenário de ameaças cibernéticas.

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